quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Aqueles que seguem pastores ficam presos a estes e não são livres. São como ovelhas dentro de cercas que são separadas até de suas próprias famílias. Essas ovelhas servem a pastores como operários não remunerados, mas, como usam antolhos, não enxergam isso. Ao contrário, porém, há os que não seguem, são autônomos e podem estabelecer laços além do curral. 

sábado, 10 de novembro de 2018



As mudanças de comportamento de uma sociedade conectada às redes sociais

Texto escrito em 02 de maio de 2018

As redes sociais têm sido uma ferramenta de uso cotidiano da sociedade contemporânea de modo geral. A todo momento, pessoas estão conectadas aos amigos e a páginas virtuais por entretenimento ou para trabalho. Entretanto, a influência dessa tecnologia, na vida das pessoas, gera diversos impactos negativos sobre o comportamento dos usuários e da população como um todo.  
 A começar pela velocidade do fluxo de mensagens que são enviadas e recebidas nos smartphones dos usuários das mídias sociais, verifica-se, no comportamento dos usuários, uma tendência à compulsão pela busca ansiosa por notificações mesmo em horas impróprias. Essa atitude priva as pessoas, muitas vezes, de um contato com um familiar ou um amigo do mundo não virtual devido a uma satisfação obtida ao atender uma demanda na rede social. Esse tipo de conduta do usuário altera  a configuração de grupos sociais do mundo fora das redes, uma vez que dificilmente se presencia pessoas em conversas longas e sem pressa.
Tal envolvimento que a rede social proporciona a nossas mentes é algo bem mais amplo se comparado ao rádio ou à televisão.  Prova disso, é a completa dispersão a que se coloca um usuário, nessas páginas, diante dos estímulos recebidos  pelas telas piscando, pelas cores e pelas funcionalidades. Essa distração muda o comportamento das pessoas, visto que se tornam mais aquém ao que está ocorrendo à sua volta, algo que pode provocar consequências que vão desde isolamento pessoal a acidentes

Além disso, cada vez mais, cresce o número de pessoas que leem conteúdos que são postados diretamente nas redes sociais ou por meio de links que são encontrados nestas. As mídias sociais se tornaram uma forma de ler notícias, reportagens e textos em geral. Usuários podem optar por ler apenas o título do texto pelo qual se interessam ou clicar no hiperlink para ter acesso ao texto completo. Esse recurso deveria ser algo agregador se não fosse uma propensão a uma leitura superficial devido ao ambiente de constantes estímulos das redes que desfavorece a concentração. Por isso, em muitos momentos, o leitor no feed de notícias não termina a leitura iniciada e acaba não pensando profundamente e refletindo criticamente sobre o que leu.
Essa superficialidade na navegação, desencadeada pela opção por diversos links e recursos existentes nas redes sociais, atua diretamente na alteração do funcionamento da memória de cada indivíduo. Quando o usuário alterna rapidamente de uma tarefa para outra, utiliza mais a parte da mente que é relacionada ao armazenamento temporário de informações em detrimento da área que é responsável pela  memória de longo prazo. Por consequência do uso frequente de tal parte e devido à plasticidade do cérebro, a mente tende a se adaptar a esse tipo de atitude e o usuário pode levar esse comportamento mental para outras circunstâncias da sua rotina fora do meio digital. Isso significa que, mesmo em situações em o usuário não está on-line, poderão ser mais ativadas pelo cérebro regiões associadas à multitarefas e a decisões rápidas em contextos em que se precisaria de uma análise mais aprofundada ou demorada. Talvez um pouco por esse motivo, muitas pessoas hoje costumam não ter paciência para ouvir explicações detalhadas e exigem respostas rápidas de seus interlocutores ao fazer uma pergunta.
Imersas nas redes socais, pessoas também sentem a necessidade de construção de uma imagem digital em que se aparente segurança e vaidade.  Para tanto, identifica-se uma verdadeira obsessão por selfies em prol de esconder os medos e os defeitos que existem atrás da fragilidade natural do ser humano. Da mesma maneira, também se procura postar fotos e vídeos de momentos agradáveis a fim de se demonstrar uma vida feliz. Esse marketing pessoal leva à criação de uma outra identidade como tentativa de melhorar a autoestima.
São essas pessoas frágeis de personalidade que estão expostas diariamente aos mais variados conteúdos formadores de opinião divulgados, nos posts, nas redes sociais. Sem citar as crianças, que crescem tendo como referência conteúdos encontrados nas redes. Algo  preocupante, uma vez que muitos assuntos veiculados nessas páginas são notícias falsas ou mensagens de ódio. Ao levar em consideração que os usuários passam muito tempo logados, é provável que essas informações não confiáveis estão sendo a principal fonte de conhecimento para muitas pessoas na atualidade. Fato que torna duvidosa e prejudicada a formação e manutenção de valores morais adequados a uma vida social com padrões éticos.
Guiados pelas opiniões formadas por meio dos conteúdos divulgados nas páginas das redes sociais, usuários costumam usar o recurso “comunidades” para optar por páginas com as quais se identificam. Com isso, ocorre uma divisão de pessoas de acordo com suas posições políticas, religiosas, etc. A partir de tal separação, iniciam-se discussões e desavenças desnecessárias, geradas, muitas vezes, devido a uma imersão exagerada nesse mundo das publicações virtuais. Isso, quando pensado no âmbito familiar e do círculo de amizade, em muitos casos, cria conflitos entre entes queridos. Por outro lado, quando esse fato é entendido de forma ampla, percebe-se uma segmentação da sociedade em ideologias. Nesse sentido, as comunidades virtuais causam uma alteração de valores, pois incentivam as pessoas a desentendimentos e fragmentações doentias e encorajam os usuários a valorizar somente os seus gostos pessoais.
A divisão de pessoas em comunidades acaba também por construir uma forma de estruturar grupos sociais muito diferente das estabelecidas quando pessoas não estão no ambiente digital. Isso, porque, nas comunidades da vida real, o indivíduo precisa se submeter a um encaixe social para fazer parte dos grupos, enquanto, nas comunidades virtuais, o próprio usuário das redes eletrônicas controla seu círculo de amigos. As ferramentas das redes possibilitam que amigos sejam adicionados facilmente, ao contrário do que ocorre no ambiente não virtual, em que a construção de um relacionamento demanda algumas atitudes como interagir, conversar, conhecer melhor, entre outras. Sendo assim, as pessoas deixam de realizar várias etapas do processo social da amizade, comportamento que transforma  a formação do vínculo social em algo volátil e banal.
Diante desse cenário, nota-se uma sociedade influenciada e alterada pelas funcionalidades das redes sociais. Nos mais diversos lugares, há milhares de pessoas conectadas durante muitas horas do dia e também da noite. As mídias sociais usam os mais criativos artifícios para manter os usuários fixados na tela do smartphones e, a partir das curtidas,  compartilhamentos e publicações, influenciam o comportamento das pessoas e modificam características sociais.
Por outro lado, não há mais como evitar a tendência tecnológica da sociedade moderna, dado que a tecnologia é parte natural de qualquer evolução social. Dessa forma, a utilidade dos recursos tecnológicos é inegável para atender diversas demandas da população do mundo contemporâneo. Entretanto, há a necessidade de se estabelecer regras humanitárias para os ambientes tecnológicos. Iniciativas que promovam redes sociais pautadas em princípios éticos que mantêm as mentes dos usuários sadias e valorizem os valores da sociedade devem sem colocadas em prática. Para que isso ocorra, empresas de tecnologias e os representantes dos países deveriam criar um conselho em busca de soluções que levem à implantação de páginas socialmente responsáveis.

Referências:


BAUMAN, Zigmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2008. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br

BETTO, Frei Carlos. Redes sociais: proveitos e riscos. Blogue frei betto. Disponível em: http://www.freibetto.org/index.php/artigos/14-artigos/29-redes-sociais-proveitos-e-riscos

Bowles, Nellie. Antigos funcionários do Google e Facebook criam grupo para combater o que construíram.  New York: The New York Times, 2018. http://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/antigos-funcionarios-do-google-e-facebook-criam-grupo-para-combater-o-que-construiram-4aofzpn5s843122km22jst1oy

CARR, Nicholas. The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains. New York: Norton & Company, 2010.

CORRÊA, Alessandra. Ex-funcionários do Facebook e do Google criam campanha para proteger crianças do vício em redes sociais. Winston-Salem: BBC Brasil, 2018. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/geral-43002971

QUEROL, Ricardo. Zygmunt Bauman: “As redes sociais são uma armadilha”. Madrid: El País, 2015. Disponível em: https://brasil.elpais.com

Rosenstein, Justin, et al. Our society is being hijacked by technology. Center for Humane Technology: Fribourg, 2018. Disponível em: http://humanetech.com/







sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A essa primazia de prima: Laryssa.

TOTALMENTE DEMAIS!

A menina de nome Laryssa
Ela é sempre exemplo em tudo que faz.
O que ela não faz?
É La aqui, é La acolá...
Ela dança, ela atua, ela trabalha, ela brilha;
Ela distribui sorrisos
Ela toca vidas e violão
Ela ora, em boa hora e em outrora.

Ela desfila quando anda
Ela é movimento
Ela estuda,
Tu és tudo, La.
Ela é polivalente
Ela é inteligente
Crente...

Com o pintar do seu rosto,
Ela acende a fé e leva felicidade
A todas as idades.
Ela é modelo de exemplo
Ela é modelo de beleza...
Há uma lenda que diz que o menino ficou maluquinho por saber que ela viria ao mundo...
E ele nem tinha visto esse sorriso dela.

A melhor ajuda é aquela em que se dá o direito e a oportunidade para que a própria pessoa alcance o que deseja.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018


Folha do Campo
Terça-feira, 05 de junho de 2018

Mineirês: palavras “pititinhas”, “grandimais” e “deferentes”
Ana Carmelita de Moraes MilhomeM.

Quem disse que mineiro “come” palavras ou parte delas? Isso não é totalmente verdade, primeiro que mineiro come mesmo é queijo. Segundo porque ele não só diminui, como também acrescenta, altera de lugar e substitui fonemas nas palavras, modificações que geram vários impactos na pronúncia. Mas, como se chama esse fenômeno que acarreta tais mudanças nos vocábulos e expressões da língua? Os estudiosos do assunto denominam metaplasmos. Por outro lado, os mineiros não fazem ideia da nomenclatura, apesar de entenderem bem da sua aplicação.
Em Minas, quando alguém fica admirado por algum motivo, solta-se logo um “Nossa Senhora!”. Porém, essa interjeição se reduziu tanto que de “Nossa Senhora”, passou a ser “Nossa!”. De “Nossa!”, passou-se a “Nus!”, que virou “Nu!”. As supressões por apócope foram muitas e sucessivas, mas, por mais incrível que seja, o efeito expressivo parece ter aumentado com a diminuição dos sons. Nada impede, entretanto, que, para demonstrar uma admiração mais pensativa, utilizem-se as formas maiores.
Na mesa do mineiro, também há metaplasmos. Ele come mingau de “mii” verde e “roz” doce, mas, quando passa mal, em alguns casos, sente uma dor de “istomu disgramada”. Se a dor for forte, ele reclama que “dói dimai”. Já em outra ocasião, quando pronuncia “dói dimai” com a vogal fechada [o], ou seja, “dôi dimai”, quer dizer dois de maio ou doido demais, depende do contexto. Em algumas falas do mineiro, os metaplasmos são tantos que ocorrem até homonímia e paronímia. Calma! Muitos já estão sob controle dos estudos linguísticos que dão conta das aféreses em “roz doce”, das síncopes em “istomu”, da permuta em “disgramada” e dos demais casos.
Além de pensar em comida, o mineiro também deseja outras coisas, porém “vontade” é algo que não é comum em Minas Gerais. Lá o que se ouve muito mesmo é “vontá”: “vontá saí”, vontá trabaiá”, “vontá passiá”, “vontá falá”... O “de” não faz falta para demonstrar a intensidade do querer, porque mineiro não é bobo e emprega menor esforço para falar, mas mantém a sílaba tônica das palavras. Porém, faltou citar aqui uma das maiores vontades dos mineiros: a “vontá” de ir para os “Istasunidos”(Estados Unidos). Eles juntam rapidamente as malas assim como juntam o nome do país em uma palavra fonológica bem menor do que o nome composto original.
Os metaplasmos também estão presentes quando os mineiros vão visitar alguém. Se tiver um cafezinho à espera, eles dizem que não se importam com “sóli” (sol) quente ou “lubrina” (neblina). Caso seja noite, mineiro diz que basta usar a lanterna para “lumiá” (iluminar) o caminho. É desse jeito que o mineiro constrói suas falas: aumenta, subtrai, altera e troca fonemas. Faz um “sol” com paragoge, faz chover metaplasmos em “neblina” e usa aférese, síncope e apócope ao “iluminar”. Para o mineiro, só importa a simplicidade no falar. Se a palavra vai ser pronunciada de maneira intacta ou não, aí já é outra história...





        Longe das redes, sinto a minha vida mais física, mais real, mais nua e crua, mais palpável e com uma quimera natural. A longitude das redes resulta na longevidade da vida cotidiana.