sábado, 31 de dezembro de 2016


O sonho de quem tem
Ter tudo não é ter tudo, quem não sonha não tem tudo. Não tem sonho. Sonhar é ter sem poder, poder é ter sem sonhar. Como seria uma vida sem sonho? Não sonho com isso. Que todos possam sonhar, porque só com o sonhar que existe o realizar. E ter sem ter realizado parece não ser tão gratificante. Ter é possuir, é não sentir a conquista, é não ter sentido o momento de obter. É ter sem saber por quê, para quê.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


A Vani
A Vani é um avião
Um avião mineiro
Ou um avião de janeiro?
Eu a vi ali
Haverá de ser ela
Havia alguém
Ou era uma ave
Mas voava
Devia ser a Vani
Às vezes nem vi
A vida
A vi
A Vani
Voa
Voou
Voltou

sábado, 10 de dezembro de 2016

A sisterna


A sister
se externa
Guardadora de bem precioso
Fonte de vida
As duas da terra
uma dos vagalumes que piscam
das rãs que dizem oi
dos cavalos que desfilam
Outra da terra dos livros
dos livros da terra
Uma empírica
outra teórica
uma escreve o cravo
a outra calcula o cacto
mas ambas sistematicamente

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016


Escrever a história


Escrever melhor
Triste é não poder escrever
Não porque falta glória
Não por não ter de cor
Mas porque falta ver
Vitória
Amor
te ter

domingo, 20 de novembro de 2016

Somos natureza


As nuvens de chuva e os trovões não retiram o sol do coração e da vida. Observe a natureza. Você já reparou as montanhas? O solo tem partes altas e baixas, é irregular.
Já reparou as árvores? Elas não são uniformes. Já reparou o rio? Ele não tem um percurso reto e sabe como levar os obstáculos para continuar correndo. Além disso, o rio tem uma sabedoria tão grande que transforma a sua queda em sua parte mais linda.
Já reparou o tempo? Como é instável e cheio de fases!
Já reparou as flores? Não florescem sempre, tem seus momentos sem flores, mas sempre estão se preparando para florir. Já reparou?
Já reparou que a sombra se vai com o sol?
Já reparou que a lua é cheia de fases?
A vida também é assim, porque também, assim também somos nós, porque também somos natureza. A vida também é cheia de fases, irregular, com partes baixas e altas e, como acontece com o rio, passamos pelos obstáculos.

sábado, 5 de novembro de 2016

The real thing


O parecer ser te torna realmente ser para alguns.
E o não parecer ser não te torna para outros.    Saber parecer ser em algumas horas e ser em outras pode te fazer ser o tempo todo.
Você  pode ser real sem ser.
O que você é depende de quem olha e de como te percebem.
Sonhar em ser algo depende se os outros acreditam que você é.
O que você quer ser?
Goteira                       
Outra maneira de medir o tempo      


A cada gota, uma lida
a cada lida, um passo,
enquanto estudo há uma gota de esperança                                       
Para uma nova lida que virá
Quem sabe sou como goteira,
quem sabe é nesse pequeno espaço que vou passar e fazer tanto barulho e tanta presença com tanta delicadeza.  
A água é algo admirável, muito difícil contê-la

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Os deuses do tempo
Enquanto eu espero a minha hora chegar, vejo relógios sendo adiantados na minha frente. Ao mesmo tempo, escuto discursos em que responsabilizam Deus pelo relógio. A verdade é que existem alguns relógios que são empurrados e outros que são atrasados. O próprio relógio mostra isso: existem três ponteiros, mas um deles trabalha, incansavelmente, para seu objetivo; um outro faz um esforço intermediário para que a meta seja alcançada; e o outro faz muito pouco para que a hora chegue.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016


Matéria depois material


Quando se consegue realizar os sonhos materiais, muitos emocionais já se inrealizaram.
Chove o choro


Vai ver a literatura estava certa. Hoje chovia como no mesmo dia. Porque o tempo chora com a chuva e nós choramos por dentro.

A fala do Rei


Ele fala com o olhar. Não podem dizer que eles não falam, porque falar é dizer algo. E, se ele está me dizendo, é porque fala. Fala tanto e com tanta sensibilidade que as cordas vocais o invejam. Ele diz muito mais do que muita
gente. Ele conversa, ele muda de assunto, ele muda de humor, ele manifesta suas vontades e transmite suas emoções com o seu olho chorão, alegre, descontente, teimoso e amoroso. Ele me olha com o olhar de Lázaro. Meu rei, meu Rex, como você enxerga bem o que você fala! Sua mensagem corta caminho e vai direto no meu coração. Não é como as mensagens de aparelho fonador, as suas são mais diretas e mais profundas. Posso sentir seu falar quando você me olha dizendo.

domingo, 16 de outubro de 2016


Verossimilhança
o mundo precisa de pessoas inocentes para que acreditem nas pessoas que realmente estão dizendo a verdade, mesmo que não pareça. Cada um tem um papel na vida. Existem mentiras que aparentam muito ser verdade e verdades que muitos juram que são mentiras.

sábado, 15 de outubro de 2016


Emergência


Ou você aprende a nadar nesse marzão e desfruta das vantagens da nata, com sua fartura e acúmulo, ou você se afoga no leite ralo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016


Sem recurso


Para que voltar?
Vamos em frente!
Sem recurso
Cursando a vida
Para que recursar?
A quem recursar?
Prefiro seguir
A voltar
Recurso nada mais é que cursar de novo
Retroagir
Muito melhor andar rumo à frente
Do que ter recurso e voltar.
É mais promissor não ter recurso

quarta-feira, 12 de outubro de 2016


Pê e Jack
O Pê e o Jack nunca se deram
Mal chegavam e já começavam
Pê e o Jack nunca se deram
Bem não chegavam e já começavam

Pê, pelos menos disfarce.
Já que o Jack é o Jack

Bem não saíam e já sentiam
Mal chegavam e já começavam
Começavam, conversavam 
Conservavam-se sempre

Os mesmos caras do começo
Nunca se deram, nunca mudaram
Seu jeito extremista ou modernista
Com os quais nunca se deram


Amor por ele

Eu tenho para mim que o meu  relacionamento com você começou bem cedo. 
Meu pai trabalhava com você e, eu acho que devo ter te ouvido de dentro da barriga da minha mãe.
Mas eu era bebê quando meus pais se separaram e então passei um bom tempo sem conviver e sem te conhecer realmente. 
Ao completar 11 anos, eu te conheci e me apaixonei à primeira vista.
 Depois disso nunca mais te esqueci. Comecei então a me relacionar, com maior convivência, com você. 
Te via alguns dias da semana  de manhã, e ainda, nas tardes e nos sábados e domingos ouvia suas músicas.  
Gostava muito de você e tinha facilidade de me relacionar e conviver. A juventude me favorecia nesse ponto. 
Porém, nessa época, eu não cheguei a te conhecer muito profundamente. Assim, foi até meus 18 anos.
 Depois disso, por estar passando por dificuldades, tive que me afastar, contudo você sempre estava na minha cabeça, mas eu também, não sei por que, eu não te procurava muito mais. 
Não sei se tinha desacreditado da gente, ou se é porque eu trabalhava muito e estava sempre cansada, ou porque não havia te conhecido o suficiente.
 Sempre me lembrava de você e pensava em te reencontrar, mas sozinha não tinha muito recurso. 
Cheguei a tentar algumas vezes, mas não te encontrei e, quando encontrei, estava muito distante.
 Quando eu estava com 25 anos, tive a oportunidade de te reencontrar e de nós voltarmos a nos relacionar. Fiquei muito feliz. No início, fiquei muito entusiasmada e, mesmo os outros falando que não ia dar certo, visto que eu não te conhecia muito bem, eu fui atrás de você e não me importei com a distância. 
Ao longo dos anos do nosso relacionamento, as dificuldades apareceram, mas nunca tinha pensado em te deixar, pois sempre gostei muito de você. Eu sempre tentava me adequar, porque eu via que o que você fazia não era por querer. 
Então, tive momentos mágicos com você e, momentos que nosso relacionamento se abalava, mas mesmo assim não pensava em te abandonar. Porque você é lindo e tem uma bela forma.  Adoro te ouvir e te ver. Sinto prazer nisso. 
Porém, de uns tempos pra cá, percebi que nosso relacionamento pode ser uma ilusão, foi então que comecei a te desprezar, pois também percebi que precisava ter dinheiro para ficar com você. E isso eu não tenho. Mas talvez goste de você mais do que alguém que tem. Hoje não tenho gostado mais de te ouvir, nem de te ver. Você não me traz prazer. Está cada vez mais difícil nosso relacionamento. Nessa última fase da nossa relação, deparei com suas características mais complexas e, como não te conhecia muito bem antes, não soube lidar com isso. 
Acho que não vamos poder mais estar juntos, um pouco também por questões externas. Você sabe quando gostamos muito de alguém, mas por algum motivo não podemos mais ficar juntos, mesmo gostando um do outro? Então, é isso que aconteceu com a gente. 
Vou ter que seguir meu rumo com outro caminho, infelizmente. Não tenho muito mais esperança de nós voltarmos, pois estou ficando velha e será cada vez mais difícil te entender.
 Acho que você só ficará em minha memória. Mas estará sempre lá. 
A boca do olho dela

Fala como tagarela
Ele olha como fala dela
Fala ele como boca dela
Dela olho como boca
e bolha como oco

Aqui meu coração é flor de ipê amarelo a cada fim de ciclo da primavera...
Vontade de checasa

 Vontade de chegado
 Mas ainda estou ido
Amanhã não serei ido
porque serei chegado

Agora estou no indo
       e a vontade na ição aumenta
     Quem aguenta?
      Só quem já não é mais ido.
      Só quem sempre foi chegado
          ou quem é chegado agora

É chegada a hora.
Sou checasa.
Não mais idei
Mas che casa?
Já sou de casa
Já tenho meu aconchego comigo
Casa mais ele somos nós

 O padrão dos ipês

Ah! Os ipês do Inmetro!
Hiper feitos perfeitamente com suas flores imperfeitas
Menos flores, exatamente
Rosas e amarelas
Amorelas pintadas com resquícios de tinta de um pincel
Totalmente acreditados, mas inacreditáveis
Imensuráveis gotas de cores
O ensaio mais lindo ao vento
Calibram meus olhos de vislumbração
Quais são seus padrões, maravilha?
Ah! O Inmetro dos ipês!
A volta do Brasil
Quero me mudar de Brasil
Quero me mudar de anil
Para azul ficar
Quero de volta o Brasil
Que brilhava na cor da madeira
Da bandeira
Quero de volta o ouro
Que o brasileiro ganha 
Para sobreviver.
Quero de volta o couro
De onde via as bolsas 
Eu quero ver
Quero de volta os cabelos
Que de tantos cortes desapareceram
Quero de volta
Eu quero! Me solta!
Quero de volta o Brasil
Quero voltar para o Brasil
De onde não saio nunca
Quero aquele país que era pais.
Quero paz.
Serena Idade

Serena, serena chuva, sereno cai ao passo que a moça coa o fubá. De tudo que trazes, que fique a serenidade e o bens, e vá a frieza.

O nosso condomínio

Ontem eu entrei em uma casa. Quem já esteve nela disse que a experiência foi boa, mas que, mesmo assim, não ficaram por muito tempo. Quando entrei, vi bastante gente na casa, conhecidos e desconhecidos. Do lado da casa, havia outras casas. Vi conhecidos nas casas da frente e nas casas de trás. Alguns das casas da frente acenaram para mim. Os da casa da frente disseram que me ensinariam algo da janela, porque a janela da casa onde estou dá de frente para a janela deles. Conversei então com vários deles. Tive a impressão de que eles são mais sábios. Com os das casas mais próximas  era mais fácil de conversar, pois nos encontrávamos muito perto. Havia também outras casas mais distantes na frente. Sobre as pessoas dessas casas, eu percebia que elas tentavam me explicar algo, mas eu não ouvia muito bem, mesmo vendo que elas faziam muito esforço em me explicar várias coisas. Havia também várias casas mais distantes do lado de trás. Com as pessoas dessa casa, era o contrário. Eu tentava falar algumas coisas com elas, mas algumas não entendiam, outras pareciam que nem sabiam falar para responder. Quis ir até eles para conversar, mas as pessoas me disseram que eu não poderia sair ainda e que quando eu saísse também não poderia ir naquela direção. Não entendi bem o porquê, mas como não via ninguém sair assim que entrasse, me conformei.Mas saíam e entravam pessoas na minha casa e nas outras, mas havia algum requisito.Eu reparava que as casas de trás tinham sido construídas há menos tempo e que, por isso, apresentavam menos marcas em sua estrutura. Porém, as poucas marcas que davam, os moradores não sabiam consertar. Já nas casas da frente, eu observei que elas davam mais marcas, porém os moradores destas casas  sabiam consertar a maioria das coisas que apareciam. E eu ficava olhando isso, para aprender e saber fazer na minha casa.Eu observava também que os moradores da casa da frente sabiam os caminhos dentro das suas casas. Eu via pelas janelas. Já alguns dos moradores da casa de trás nem sabiam andar e alguns sabiam, mas não sabiam caminhar dentro das suas próprias casas.Os moradores da casas da frente fizeram obras nas janelas das suas casas. Disseram que a janela aberta traz sabedoria. Alguns moradores das casas de trás, principalmente os mais distantes, não se importavam muito com isso, não trabalhavam tanto também quanto os moradores das casas da frente.E assim fui observando várias coisas.Até que resolvi perguntar qual era o nome dessas famílias que moravam nas casas e me disseram que nessas casas não moravam famílias e sim dezenas.Fiquei mais interrogada ainda com a resposta.Mas então entendi por que havia tanta diferença entre os moradores.Perguntei então qual nome davam para cada grupo de moradores. E me responderam que não eram nomes mas sim números e que ali havia futuro, presente e passado no presente condomínio.Perguntei então qual era o número dessas casas e um senhor me responde que as casas seguem uma numeração que pula de dez em dez. A primeira casa é nível iniciante. A segunda, básico. A terceira, intermediário. A quarta, avançado. A quinta Master. E a partir daí é considerado sábio em relação aos outros níveis. Ele me explicou  também que cada vez que passa de nível se aprende mais a jogar esse jogo, mas que se tem menos força e menos estímulo. Perguntei então qual era o meu nível e ele me disse que meu nível era o terceiro e que eu tinha acabado de me mudar para a casa dos Trinta de um condomínio chamado Vida.

Sem base

A primeira vez que eu saí sem ela
Sem que ela pudesse vir
Foi diferente
Ainda bem que ela já havia me ensinado muita coisa
Eu sabia andar desde o primeiro ano de idade e agora já deveria estar no nível avançado
Mas andar é diferente de sair
Dessa vez eu vim a pé 
Assim pude reparar mais o caminho
E refletir sobre o não literal
Não era somente aquele caminho
Não era apenas o caminho desse dia
Mas era o caminho da vida
E, a pé, pude olhar lá na frente, com calma
E ver que não havia muitas pessoas
E perceber que ela ficou para trás 
E, mesmo olhando para trás, não dava para vê -la
Encontrei uma amiga, vi também que ela estava sozinha
Esse exemplo demonstrou mais ainda o que aquilo significava
Infeliz, não
A mente precisa se controlar
A única coisa que precisa ser estável em meio à areia movediça 
Nunca vi algo assim